7 Lugares de Fantasia em São Miguel
O LADO LUNAR DA LAGOA DO FOGO
Se apanhar noite de lua cheia, nem pense em ficar em casa. Dirija rumo à Lagoa de Fogo (1) e assista a um momento mágico, desde o crepúsculo até ao subir da enigmática lua cheia de graça, sobre as profundas águas azuis da Lagoa do Vulcão do Fogo, encoberto pela neblina da noite. Este é um cenário do outro mundo, onde esquecerá que está no centro da ilha, num dos pontos mais altos, e que a vida acontece lá em baixo, tão longe, tão insólita, como num sonho.
ENTRE FUMAROLAS DE UM CHÃO BORBULHANTE
Ao chegar ao remoto vale formoso das Furnas (2), entre o denso e bucólico verde, avistam-se altas fumarolas, tão misteriosas quanto inquietadoras. No sereno da noite, este lugar ganha uma magia diferente. O silêncio permite-nos ouvir com clareza a vida que brota do interior da terra. As lamas medicinais borbulham, deixando rastos férreos nas margens das caldeiras. O fumo quente sai incessante, até pelos bueiros. As límpidas nascentes de água azeda convidam a deslindar as suas propriedades singulares. Em época natalícia, o gracioso presépio bafejado pelas caldeiras é motivo de visita diária de dezenas de pessoas a este lugar.
AMANHECER COM A VIDA NO NORDESTE
Quando o sol nasce é para todos e em São Miguel nasce no concelho mais a leste da ilha. Os miradouros da Ponta do Sossego (3) e da Ponta da Madrugada (4) são os lugares de eleição para a contemplação dessa dádiva da natureza. Depois da quietude noturna, aqui é dada a oportunidade única de amanhecer juntamente com a magnânima bola amarela que surge num mar imenso e com o resto dos seres que habitam este lugar; com canários e tentilhões a piar incessantemente em saudação a mais um dia e com as flores a gravitarem em direção ao beijo dos primeiros raios.
TRILHANDO POR NATUREZA CASTA
Prepare-se para colocar o seu espírito à prova por pontes de madeira e escorregadelas ocasionais por uma frondosa floresta endémica no trilho do Faial da Terra. Todos os esforços valem a pena assim que se começa a ouvir o murmúrio da fabulosa queda de água do Salto do Prego (5). Aproveite o momento para relaxar e estimular os sentidos, seja desafiando-se com um mergulho energético na água gelada, ou simplesmente estendendo-se numa rocha, deslumbrando os seus olhos e ouvidos, enquanto purifica os pulmões com inspirações profundas. Ao longo do curso da ribeira do Faial da Terra, depara-se com a aldeia do Sanguinho (6), uma série de casinhas de bonecas feitas de pedra, com moinhos de água recuperados, que o fará pensar que acabou de passar uma porta do tempo.
Photo Credit: Bruno Nabiça
UM MIRADOURO DE ONDE SE AVISTA O CÉU E O INFERNO
No miradouro da Grota do Inferno (7) estamos a 730 metros mais próximos do céu e o inferno vê-se do topo. Este miradouro fica na reserva de floresta endémica da mata do Canário. O caminho para o paraíso é estreito e com abismos diabólicos. Mas é aqui neste lugar que se aprecia verdadeiramente o limbo, com os olhos postos na Lagoa das Sete Cidades, na Lagoa do Canário, na Lagoa Rasa e na de Santiago, enquadradas pelo mar e céu infinitos, apoderando-se-nos uma emoção vertiginosa que hesita entre a gratidão de estar vivo e a indignação da pequenez humana.
NAS MARGENS DA LAGOA DAS FURNAS
De um lado da Lagoa, o vulcão adormecido clama por reverência com as suas caldeiras bem acordadas. Na margem oposta, reina a tranquilidade simbolizada por uma belíssima capela neogótica erguida no séc. XIX, perto de um cottage anglo-flamengo e um challet franco-suíço. Por detrás destas relíquias de tempos idos, esconde-se a exótica mata Jardim José do Canto (8) que guarda, entre muitas outras preciosidades, um vale de fetos encantado, uma impressionante queda de água e uma sequoia centenária.
HÁ LUGARES DIGNOS DE REIS
Para sétimo lugar, deixámos o miradouro para uma das Sete Maravilhas de Portugal: o Miradouro da Vista do Rei (9). D. Carlos e Dona Amélia visitaram este lugar de onde apreciaram a vista para a Lagoa das Sete Cidades, muitos anos antes do hotel Monte Palace ser ali construído. A neblina característica deste lugar faz sobressair os mais de 20 anos de abandono daquele que foi o primeiro hotel de 5 estrelas dos Açores e que, ainda hoje, mesmo em ruínas, convida à imaginação e ao sonho das histórias que podiam ter sido e das histórias que foram.
Carla Pacheco
