Terceira Virada do Avesso - Azores Lovers

Terceira Virada do Avesso

Descrever a Terceira é, de facto, uma tarefa difícil… Tanto para quem vive nela, tanto para quem a visita. Você nunca conseguirá resumir o que a ilha tem para oferecer sem ter vivido – e sentido – tal e qual como os terceirenses vivem… e sentem. A essência da Terceira mora, sem dúvida, nas suas tradições, mas desengane-se se pensa que a ilha adormeceu sobre os seus antepassados históricos. Antes pelo contrário. A Terceira actual é cosmopolita sem virar a cara às suas origens. E é, também, uma plataforma de troca de experiências. De gente que parte. E de gente que chega. Venha connosco conhecê-la melhor.

A ÚNICA TERRA DO PASSADO
Por onde é que pode começar? Por uma viagem, justamente, ao passado. Sugerimos uma visita guiada ao Castelo de São João Baptista (1), na cidade de Angra. Situado na península do Monte Brasil, o castelo e as muralhas circundantes fazem parte da maior obra de fortificação dos Açores. Visitar o forte é um passaporte grátis para recuar no tempo até à época em que os seus muros protegiam a cidade dos piratas e corsários que viam no porto intercontinental de Angra um tesouro estratégico. Mandado construir pelo império espanhol, e pela dinastia filipina, o Castelo de São João Baptista chegou mesmo a ser, territorialmente, o único pedaço de terra do reino de Portugal. Sabia que também foi aqui, neste lugar, que D. Pedro IV organizou a reconquista do trono? Foi nessa época que Angra ganhou o substantivo que a completa (e define) até hoje: heroísmo.

BAILARICOS NA CAPITAL HISTÓRICA AÇORIANA
Depois, desça com uma passada demorada, pela linha do mar, ou pelas ruas detrás da Sé, até ao centro da cidade, capital histórica dos Açores e património mundial pela Unesco. A calçada que serve de chão aos sentimentos dos terceirenses é também palco das maiores festas profanas do arquipélago – as Sanjoaninas (2) (Junho). Nesta época, apesar da confusão, a noite de São João, é um dos momentos altos do calendário ilhéu. Não usamos martelinhos nem alhos-porros, mas saltamos fogueiras e dançamos, nas ruas, com alegria.

ROMANTISMO DE UMA CIDADE
Há dois lugares por onde tem de passar obrigatoriamente. O primeiro implica algum exercício físico, mas a vista, magistral, do Alto da Memória (3) sobre a baía de Angra vale o esforço. A entrada faz-se por dois sítios, mas aconselhamos o percurso maior a partir das inúmeras escadarias de acesso que atravessam o Jardim Duque da Terceira (4). As araucárias, as palmeiras, os eucaliptos, as camélias e as magnólias oferecem boa sombra às paragens forçadas. (nós não queríamos deixar escapar isto, mas se o passeio for a dois, o romantismo natural envolvente pode ajudá-la a dizer que sim mais depressa!). O segundo fica na rua Direita… A loja do Basílio Simões (5), a mais emblemática da cidade é o registo perfeito da intemporalidade da venda a retalho. Lá, ainda se compra a granel. Tal e qual como a Terceira merece ser degustada. E se para lhe despertar os sentidos precisa de um choque de cores e sabores, bem açorianos, suba a rua principal e vá até ao mercado Duque de Bragança (6). Atreva-se a sentir a Terceira na ponta da língua. Prove os araçás, os figos, as uvas, as azeitonas, os queijos, os picles caseiros em conserva e o mel.

COMIDA, NATUREZA E FAMÍLIA
Hummm, começou a dar-lhe a fome, não é verdade? Nós pensámos nisso. Afaste-se da cidade e venha provar a alcatra regional na “Venda do Ti Manel da Quinta”, o restaurante da Quinta do Martelo (7), uma das primeiras unidades de turismo rural da ilha. Este conjunto de casas tipicamente açorianas, retrata, com rigor, o estilo de vida terceirense de outros tempos. Trouxe crianças consigo? Não se preocupe, eles não se perdem (e se se perderem, estão em boa companhia). A Terceira é um óptimo destino de férias para famílias. Os seus filhos, sobrinhos, afilhados, enteados vão adorar quando descobrirem o pónei da Terceira, a quarta raça de cavalos em Portugal. Morfologicamente semelhante ao cavalo, embora mais pequena, é ideal para o ensino (e iniciação) da equitação nas classes mais jovens.

ATIVIDADES PARA TODOS OS GOSTOS
Depois da digestão feita, arranque de carro em direcção à zona balnear do Negrito (8). Pronto para um mergulho? Porque não uma aula de SUP – Stand Up Paddle? Vá, sem medos, as águas são calmas e quentes q.b. Se não lhe estiver a apetecer, sugerimos então algo mais tranquilo: um passeio no porto de pesca de São Mateus (9), uma freguesia piscatória onde a magia do mar se funde com o sabor do peixe e do marisco… Ou então uma sesta na mata florestal da Serreta (10). Leve uma manta consigo porque a sombra abundante do conjunto de árvores costuma fazer sentir-se na pele. Se não chegou a provar a aguardente de nêspera da “Venda do Ti Manel”, vai ter de seguir viagem até aos Biscoitos (11), terra do vinho, da aguardente e da angelica.

Bata à porta da casa de um habitante e peça-lhe para visitar uma adega. Boa gente como são os terceirenses, com certeza vão recomendar-lhe o melhor vizinho que houver! Se não estiver, ainda, habituado ao protocolo da ilha, reserve com os agentes de turismo um tour pelas curraletas de basalto enquanto prova os (melhores) vinhos dos produtores locais. Uma coisa é certa: não se sentirá um cliente. Afinal de contas, está entre amigos quase família.

TRADIÇÕES EM FORMA DE ESPETÁCULOS
Se continuar viagem, passará pelas Lajes (12), a única vila do Ramo Grande. (Ramo Grande é a designação pela qual é normalmente conhecida a zona plana localizada na parte nordeste da ilha). É no centro desta planície que está a porta de embarque de quem nos visita, (o Aeroporto Internacional das Lajes), assim como a evidência destacada da presença militar e americana nos Açores (a Base das Lajes). Mas… não é sobre isso que queremos falar. Nas Lajes, encontra o Museu do Carnaval (13). Vale muito a pena conhecer esta tradição onde manifestamente o teatro popular e a sátira social são reis (Fevereiro). Plumas, lantejoulas, espadas e pandeiros giram em torno dos mais de 60 palcos da ilha durante 4 dias. Vá com tempo e leve lenços. Não, não é porque vá chorar. Antes pelo contrário. Vai chorar de tanto rir (isto se perceber as piadas que são contadas).

FÉ POPULAR
É também no Ramo Grande onde as festas em honra do Divino Espírito Santo assumem maior relevância. Explicar-lhe o que são é efectivamente difícil sobretudo porque as manifestações sociais e culturais deste tipo diferem de ilha para ilha, e dentro das ilhas, de freguesia para freguesia. O que precisa saber é que o Divino Espírito Santo é o maior culto religioso dos Açores. As festas em sua honra começam logo após a Páscoa (Março/Abril) e só terminam 8 domingos depois, portanto não se admire se encontrar cortejos de populares, organizados à semelhança das procissões. Os Impérios, as casas multicoloridas, (muito multicoloridas mesmo!), normalmente edificadas ao lado ou em frente das igrejas são o símbolo arquitectónico mais forte desta tradição. É aqui onde se guardam, durante os dias em que não há festas em honra do Divino Espírito Santo, os elementos decorativos utilizados nas respectivas procissões. A massa sovada, (uma espécie de pão doce mal cozido), e o alfenim, (um brigadeiro de puro açúcar), são dois dos sabores ligados a esta celebração. Tem de prová-los! Mas não abuse.

ENTRE PRAIAS E CAMPOS HÁ SEMPRE O QUE FAZER
Rapidamente chegará à Praia da Vitória, a outra cidade da ilha a par com Angra. Sabia que foi aqui que nasceu Vitorino Nemésio, autor do “Mau tempo no Canal” e um dos maiores comunicadores da televisão portuguesa dos anos 70? Na Praia da Vitória a rainha é mesmo a praia. Extensos quilómetros de areia onde pode aproveitar para mergulhar, passear de barco, praticar windsurf ou simplesmente descansar. (não se esqueça do protector! e sim, por enquanto, ainda não precisa de vigiar os seus pertences).
A praia e o mar são também os anfitriões das Festas da Praia (14) (Agosto). As noites quentes do Verão convidam a um passeio pela Feira Gastronómica do Atlântico onde os petiscos e pratos de diferentes regiões nacionais são dados a provar.
Prometa que não sai da cidade sem visitar o miradouro da Serra do Cume (15), o postal mais icónico (e mais fotografado) da Terceira. Chamam-lhe de “manta de retalhos” porque no lado, virado para Angra, extende-se uma grande planície interior dividida por muros de pedra vulcânica. Se tiver tempo deixe-se ficar até o sol se pôr. Não paga nada para assistir ao espectáculo.

AO SOM DO MAR E AO SOM DA CIDADE
Seguir viagem pela orla costeira é uma boa opção. Mais azul que verde. Mais sal que terra. Se tiver tempo para um desvio até ao Porto Martins (16), recomendamos-lhe um pequeno pit stop para provar as suas famosas azeitonas. Podíamos dizer apenas que elas têm um sabor próprio, mas já sabe como é, o segredo é a alma do negócio. E num abrir e fechar de olhos, voltou à casa de partida. Ah, é verdade, esquecemo-nos de lhe dizer que uma queijada Dona Amélia, com um ligeiro travo a especiarias da Índia, combina bem com um chá. E se o momento pedir, embale-se na música do AngraJazz (Outubro), um festival que se realiza desde 1999, durante 4 dias e que tem trazido até à ilha sonoridades europeias e norte-americanas como o swing de Christian McBride, (Filadélfia), as composições de Charenée Wade, (Manhattan), ou o espírito musical dos anos 70 dos The Cookers. Esperemos que tenha gostado. Volte sempre!

Cátia Carvalho

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